Zé, mais um pobre homem na luta.
Ainda nem clareou o dia e já partiu pra labuta,
Na mente uma ideia clara e curta,
A caminhada será longa e escura!
Não tem táxi, uber ou busão.
Somente pedras, terra, poeira e pinos no chão.
Ele sabe que não pode vacilar,
A madrugada esconde mistérios,
E as balas comem soltas no ar.
Junto ao frio que range às quatro da manhã, o medo!
Zé segue firme, não é o Thor, mas tem seu martelo de pedreiro.
Nada de luz ou qualquer iluminação,
É só mais um homem que vagueia na escuridão.
Sua caminhada Zé faz sozinho,
Mas a cada encruzilhada que passa há um zumbi com os dentes rangendo!
Mais uma vez vem o medo, o frio e a escuridão,
Mas se o Zé não continuar a caminhada,
De onde irá tirar o dinheiro do pão?
O dia amanhece, o sol esquenta!
A rotina do trabalho é dura e violenta.
Na marmita,
Arroz, feijão e jiló com polenta.
O alimento para ajudar o Zé levantar a marreta.
A rotina é essa!
E o Zé segue firme com o sol bronzeando a testa.
A dor das marretadas no dedo,
Só não dói mais do que ver o mundo cruel e sangrento,
O mundo onde o imperativo é o medo!
Zé, quieto, calado, observa!
Um bando de corpos correndo, com pressa.
Não mais se olham, cumprimentam e conversam,
Triste é a vida dos que a morte apressa,
Rezando para que a semana passe depressa.
E nesse vai e vem, o Zé vai sobrevivendo também,
Não podendo contar com ninguém,
Pois neste mundo você é, e vale o que tem.
E o Zé, Oh! Pobre Zé.
É só mais um pobre qualquer,
Que luta, batalha, caminha, mantendo sempre consigo a fé.
Pobre, largado e maltrapilho,
É a visão que se tem do Zé depois de mais um dia de serviço!
E o Zé nem aí para o que pensam os outros,
Despreocupado com as mãos cansadas no bolso!
Zé ouve samba, rap e melodia!
Zé é ousado e lê poesia!
Nesses momentos é que consome doses de alegria!
E dessa forma segue firme e forte na luta,
Pois, afinal sabe que,
A caminhada continua…!