Poesia e Política na escola é selecionado pelo Ministério Público do Estado da Bahia

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    Poeta e Oficineiro
    Poeta e Oficineiro

    O projeto “Escola Politizada: Poesia de Quebrada”, proposto pelo jovem poeta Evanilson Alves, em parceria com a poeta Maiara Silva e o também poeta Rilton Junior, foi um dos selecionados em chamada pública realizada pelo Ministério Público do Estado da Bahia. A ação vai realizar oficinas de poesia criativa periférica para estudantes e professores de duas escolas públicas estaduais no município de Salvador: Colégio Estadual Rute Pacheco, situado na Sussuarana, bairro com 28.809 habitantes, onde 87,6% da população se declara negra, 60% recebe até um salário mínimo, e 17,3% não possui nenhum rendimento; e Colégio Polivalente do Cabula, região com 23 mil habitantes, 73,29% autodeclarados negros, e 55,7% com renda de até três salários mínimos, de acordo com dados do IBGE.

    Os objetivos são despertar o interesse pela literatura e prazer pela leitura de jovens negros dos bairros Sussuarana e Cabula através da poesia marginal, com a criação e declamação de poemas, explorando o contexto existente; formar professores poetas nessa literatura marginal, para que sejam agentes multiplicadores e possam difundir a arte-educação através da poesia nos diversos espaços em que atuem; estimular aos estudantes das respectivas escolas a prática da leitura-prazer e a produção de textos políticos, exercitando a imaginação e a criatividade, o pensamento reflexivo, além de desenvolver o raciocínio lógico e a memória; reconhecer os poemas em suas diversas formas, combatendo o preconceito linguístico e valorizando a poesia marginal; fortalecer e estruturar os coletivos de jovens poetas como o Sarau da Onça, através da gestão e execução do projeto.

    O programa se divide em três etapas, entre os meses de abril a junho de 2019: a) formação de professores-poetas por meio de Oficinas com os professores das escolas através de atividades formativas pela vivência prática da construção de poesias da sua autoria; b) oficinas com estudantes das escolas participantes por meio de um trabalho integrado com os professores, a ser realizado nas dependências das escolas participantes; c) finalização com um sarau de poesia/slam com apresentações pelos participantes, na Praça do Final de Linha de Nova Sussuarana, ocupando o espaço público e tencionando o direito à cidade e a função social da cidade.

    Evanilson Alves afirma: “Não tenho palavras para expressar a felicidade em ter sido aprovado com o projeto Escola Politizada poesia de quebrada, na chamada pública do Ministério Público do Estado. É muito mais que um projeto de oficina criativa de poesia, é a realização de um sonho, é fruto de muito trabalho, além de ser uma possibilidade real de instrumentalizar estudantes e professores, para que despertem a criticidade no que se refere ao nosso cotidiano, e através da arte educação, da poesia, transformem a realidade em volta. Sou suspeito em falar dessa poesia que há muitos anos me encantou, salvou e me transformou positivamente, e é esse amor que levarei junto a minha equipe a essas duas comunidades escolares das quais tenho um enorme carinho, especialmente o Colégio Polivalente do Cabula – do qual fui estudante do ensino médio. A reflexão, inevitável, me fez e faz seguir uma trilha de protagonismo, influenciando e sendo influenciado pelas atuações como poeta, nos vários cenários, como convidado ou visitante. Tenho a convicção de que posso modificar para melhor o posicionamento de outros(as) jovens, a fim de despertá-los para sua cidadania plena, protagonismo na vida e em defesa dos direitos humanos. Por conta dessa convicção venho atuando e este projeto é mais uma ação, remunerada ou não, da qual não abro mão, pois é o que acredito.\”

    Maiara Silva diz: \”Eu tenho certeza que a importância desse projeto é trazer a poesia como arma de transformação de revolução, resistência, e também válvula de escape, mostrar para a sociedade que arte pode, sim, ser sim uma forma de despertar o senso o crítico, de denúncia, proposta e reflexão.\” E completa: \”Acredito que uma das principais ideias e importância é que a juventude, a poesia preta está adentrando todos os espaços, inclusive esse lugar de educação, e a partir desse processo tornar, crianças, adolescentes, jovens e adultos, agentes multiplicadores\”.

    Rilton Junior declara: \”Estar como colaborador do Projeto Escola Politizada, Poesia de Quebrada é uma grande felicidade e honra, pois também fui aluno da escola pública. Creio que a arte em si aproxima e facilita o entendimento de determinado assunto para os jovens, a poesia tem sido peça fundamental da juventude para a desconstrução de diversos paradigmas impostos principalmente aos jovens negros. Através da arte trabalhamos com a auto-estima e a auto-reflexão de si mesmo e assim reverbera no coletivo. Por meio do Projeto poderei partilhar minhas vivências com a arte, seja ela no teatro, poesia, música, dança, grafite, e mais, pois a arte não nos limita e sim nos possibilita ao pensamento crítico e a sensibilização de um todo.\”

    Financiamento: A Promotoria de Habitação e Urbanismo do Ministério Público do Estado na Bahia, em sua missão na defesa do ordenamento urbanístico e do direito à cidade tendo em vista a justiça social, por ocasião de compensação ambiental no TAC do Inquérito Civil IDEA No 003.0.65579/2009, torna pública chamada para seleção de pequenos projetos a serem realizados no ano de 2019 que tenham, no contexto dos desafios existentes no município de Salvador, objetivos relacionados à:
    a) Efetivação do direito à função social da cidade e da propriedade urbana, garantida no Art. 182 da Constituição e regulamentada na Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade, especialmente nos arts. 2o e 37) e na Lei 9.069/2012 (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano PDDU de
    Salvador);
    b) Efetivação do direito ao meio ambiente urbano equilibrado, bem de uso comum do povo, garantido no Art. 225 da Constituição, que repercute no direito à cidade;
    c) Implementação das políticas setoriais urbanas nacionais, estaduais e municipais de habitação, saneamento, mobilidade urbana, meio ambiente, planejamento territorial, defesa civil, regularização fundiária, assistência técnica em HIS, entre outras, estabelecidas em leis específicas.
    d) Implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) / Agenda 2030 e da Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável Habitat III / Nova Agenda Urbana.

    Os projetos terão gestão financeira feita pela Fundação Escola Politécnica da Bahia, consoante convênio de cooperação técnica firmado com o Ministério Público do Estado da Bahia.

    Equipe do projeto:
    Evanilson Alves – Um dos idealizadores do Sarau da Onça (fundado em 05.05.2011) e do Grupo Recital Ágape (fundado em 16.07.2011), ambos no bairro de Sussuarana, com objetivo de dar visibilidade aos grupos culturais do bairro e difundir a literatura periférica produzida na periferia. Instrutor de Arte da Palavra na Fundação da Criança e do Adolescente, lotado na CASE Feminina, no bairro Beiru, durante 16.06.2014 a 24.09.2018, desempenhando as funções de oficineiro de teatro e poesia, mediação de rodas de conversa com as internas em privação de liberdade. Organizou e apresentou o Slam Força Feminina, com o intuito de promover a arte-educação através de batalhas de poemas, criação de texto e posterior publicação de livro em parceria da entidade Fundac e a Editora Galinha Pulando, livro lançado no Foyer do Teatro Castro Alves, em março de 2018.

    Maiara Silva – 23 anos de idade, poetisa, escritora, mobilizadora cultural, percussionista, capoerista, dinamizadora cultural, atriz, mulher negra de periferia, camdoblecista atuante nos coletivos de Salvador com o Projeto Arte no Buzu e durante esses 8 anos de poesia, arte e muita resistência, passou por diversos lugares, como: Escolas Ruth Pacheco, na qual foi instrutora de poesia;, Bolívar Santana, Polivalente do Cabula, Global, Cantinho do Saber, Teixeira de Freitas, Tales de Azevedo, Rotary. Faculdades: Unime, Unifacs, Unijorge, Uninassau, Ufba, Uneb, Ifba; Instituições: Assembléia Legislativa, Ouvidoria Pública, Tribunal de Justiça de Salvador, Fórum Internacional de Mulheres Negras, Secretaria de Educação, Biblioteca dos Barris. Foi uma das selecionadas do Projeto Lendo Mulheres Negras com a poesia \’Meu Poder\’. Tem 9 poesias que foram lançados em 4 livros diferentes, foi vencedora de três Slams muito importantes em Salvador:, Slam da Onça, Slam Deixa Acontecer ambos Sussuarana e o Slam da Quadra em São Caetano.

    Rilton Junior ou Poeta com P de Preto (pseudônimo) – é Ator, Poeta, Escritor, Oficineiro, Agente Cultural, Palestrante e Produtor Cultural, atua como Artevista no Grupo de Poesia Resistência Poética onde busca através da literatura preta propor o dialogo pra a juventude negra brasileira plantando a semente da descolonização mental que é a poesia preta. Junto ao Resistência Poética um dos Grupos precursores da Poesia Preta anti-racista em salvador esteve, na 9° Bienal da Une em 2015 no Rio de Janeiro; Festival Negra América em 2015; Festival de Lençois na Chapada Diamantina; Prêmio Dorival Caymmi; Flipelô 2017, Flipelô 2018; AfroHipHop 2018 entre outros eventos artísticos em espaços Culturais da Cidade. Como Escritor tem poemas nos Livros: Prêmio Literário Galinha Pulando 2015 (Editora Galinha Pulando), Poéticas Periféricas: Novas Vozes da Poesia Soteropolitana (Galinha Pulando. 2018), Jovem Afro Antologia Literária. com três poemas autorais (Ed. Quilombhoje, 2017), Antologia Poesia Agora (Editora Trevo, 2019), Antologia Poesis 2019 (Editora Vivara). Selecionado no Grafias Eletrônicas Edital da Fundação Cultural do Estado da Bahia em fomento a Literatura em formato Áudio-Visual a ser veiculado nos portais do Irdeb-TVE 2019, tem 1 CD intitulado Poesia de Revolução Verbal com 16 faixas sendo 14 autorais e 2 participações, além do livreto de publicação independente, \’A Poesia é o meu trabalho\’ que já circulou cerca de 3 mil exemplares pela cidade de Salvador e Estados do Brasil afora. No Teatro começou por volta de 2010 para 2011 com a Cia Psicodélicos de Teatro; Bando de Teatro Sem Nome 2012 a 2014; Teatro Gil Santana 2015; em 2017 Criou seu primeiro monólogo com a auxilio da Organização Dandara Gusmão (Grupo de Estudantes da Escola de Teatro da Ufba) que trabalham com o Teatro Preto. Atualmente Cursa Teatro no Teatro Escola do Teatro Jorge Amado. Já deu oficina de Poesia em espaços como Uboca a Boca do Boca de Brasa na sede do Sarau do Jaca, no Festival Negra América, no Evento de Aniversário de 1 ano do Slam das Minas Ba; além de inúmeras Escolas e Universidades públicas e privadas. Além de propor atividades Culturais dentro da periferia como por exemplo: A Arte Invade A Vila e já ocorreu em mais outros dois Bairros, é também produtor do Bazar da Deusa e do Afrocine. Residente do Bairro de Nova Brasilia de Itapuã, acredita na arte como fator preponderante para acessibilizar o protagonismo no lugar de fala da juventude negra que constantemente vem sendo oprimida e silenciada pela estrutura social.

    SERVIÇO
    O quê: Escola Politizada: Poesia de Quebrada
    Quando: abril a junho de 2019 (datas a confirmar)
    Onde: Colégio Estadual Rute Pacheco (Sussuarana) e Colégio Polivalente do Cabula
    Entrada: Gratuita

    Contatos para entrevistas:
    Valdeck Almeida de Jesus – 71 98805 4708
    Evanilson Alves – 71 98259-1344

    Fonte:
    https://galinhapulando.blogspot.com/2019/03/poesia-e-politica-na-escola-e.html

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