\u201cDesvendando Luiza Mahin: Um Mito Libert\u00e1rio no cerne do Feminismo Negro\u201d de Dulci Lima. ^{1<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/span><\/h1>\n}

Um cl\u00e1ssico em potencial do feminismo negro no Brasil.<\/span><\/span><\/span><\/h2>\n

Por M\u00e1rcio Farias<\/span><\/span><\/span><\/p>\n

<\/a>\u00c9 patente a crescente for\u00e7a, amplia\u00e7\u00e3o e consolida\u00e7\u00e3o, no campo pol\u00edtico, do movimento de mulheres negras no Brasil das \u00faltimas duas d\u00e9cadas. Em di\u00e1logo profundo com esse momento hist\u00f3rico, emergem literaturas que buscam entender esse processo nos seus mais variados aspectos. Nessa toada, o livro \u201cDesvendando Luiza Mahin: Um Mito Libert\u00e1rio no cerne do Feminismo Negro\u201d \u2013 lan\u00e7ado em fins de 2014 \u2013 \u00e9, certamente, um cl\u00e1ssico em potencial do feminismo negro no Brasil que avan\u00e7a tamb\u00e9m no campo das produ\u00e7\u00f5es acad\u00eamicas locais. Historiadora de of\u00edcio, a escritora apresenta um estudo marcadamente interdisciplinar para propor uma terceira via anal\u00edtica a uma grande celeuma da historiografia nacional: a inexist\u00eancia de fontes documentais que atestem a exist\u00eancia de Luiza Mahin, m\u00e3e do abolicionista Luis Gama. As \u00fanicas fontes que confirmam sua exist\u00eancia s\u00e3o os escritos e poemas de seu filho. Dentre os caminhos que v\u00eam sendo trilhados pelos estudiosos do tema, alguns grupos apontam para sa\u00eddas liter\u00e1rias e subjetivistas. Nesses casos, Luiza seria um personagem marcante da obra ficcional de seu filho. H\u00e1 tamb\u00e9m caminhos que apontam para Mahin como um \u201cego auxiliar\u201d desse individuo emblem\u00e1tico da hist\u00f3ria nacional no que diz respeito a luta contra a escravid\u00e3o. Diante dessas discuss\u00f5es e antinomias, a autora apresenta a seguinte quest\u00e3o: como Luiza Mahin consiste e se faz presente na hist\u00f3ria do movimento negro contempor\u00e2neo no Brasil, destacadamente no movimento de mulheres negras. Aqui se efetiva a contribui\u00e7\u00e3o anal\u00edtica de Dulci. Para responder a esta quest\u00e3o, prop\u00f5e a an\u00e1lise de Luiza Mahim enquanto um mito, uma esp\u00e9cie de discurso simb\u00f3lico inaugural, contra hegem\u00f4nico, que organiza e ativa a luta de grupos, coletivos e entidades ligadas \u00e0s causas das mulheres e da luta contra o racismo. Portanto, enquanto as escolas historiogr\u00e1ficas debatem as fontes que confirmam ou negam Luiza Mahin, ou mesmo tentam apreender o movimento em torno da data\u00e7\u00e3o de sua g\u00eanese ontol\u00f3gica, o livro em quest\u00e3o se dedica a discutir como este s\u00edmbolo se desdobra no transcorrer da hist\u00f3ria, ou seja, como persiste na hist\u00f3ria e se atualiza diante da luta contempor\u00e2nea. Como adapta\u00e7\u00e3o de uma disserta\u00e7\u00e3o de mestrado, o livro tem lacunas \u2013 teria mesmo que fosse a principal obra da autora – n\u00e3o poderia ser de outra maneira. A hist\u00f3ria se faz nas rela\u00e7\u00f5es humanas. As bases materiais determinam, em \u00faltima inst\u00e2ncia, o conjunto das rela\u00e7\u00f5es sociais-. Existe certa independ\u00eancia das outras inst\u00e2ncias do modo de produzir a vida e elas guardam suas especificidades diante da infraestrutura, ainda que em conex\u00e3o com as determina\u00e7\u00f5es concretas. Cultura, \u00e9tica, est\u00e9tica, pol\u00edtica, etc… s\u00e3o esferas que, ainda que n\u00e3o aut\u00f4nomas, t\u00eam sua pr\u00f3pria din\u00e2mica. Falta correlacionar as preciosas an\u00e1lises sobre cultura e pol\u00edtica feitas pela autora, com o conjunto das rela\u00e7\u00f5es sociais de produ\u00e7\u00e3o atrelando com a restrutura\u00e7\u00e3o produtiva do capital, janela hist\u00f3rica abordada nesse estudo. Certamente, todos os estudos que, deste momento em diante, trabalhem g\u00eanero, ra\u00e7a e pol\u00edtica ter\u00e3o como horizonte anal\u00edtico a percorrer o bel\u00edssimo escrito de Dulci Lima.<\/span><\/span><\/span><\/p>\n

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1<\/a>^{\u0002<\/sup> Vers\u00e3o alterada de resenha submetida \u00e0 revista cientifica no prelo.<\/span><\/p>\n}

O livro pode ser comprado no site da Editora Multifoco<\/a>.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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