Ocorre na próxima quarta-feira (29) às 16h30 o lançamento do livro “Sarau Asas Abertas – Mulheres Poetas – Penitenciária Feminina da Capital” na Penitenciária Feminina da Capital com a participação de 48 poetas que são reeducandas do espaço, no Carandiru, na zona norte de São Paulo (SP) pela Edições do Tietê, através do Coletivo Poetas do Tietê.
O lançamento conta também com um sarau e apresentação das mulheres que cumprem pena, porém, é fechado a convidados. Ao todo, o Coletivo Poetas do Tietê, que é quem encabeça a ação há três anos e realiza, semanalmente, oficinas de leitura e escrita criativa, imprimiu mil exemplares da obra e a maior parte será distribuída gratuitamente, sendo que 250 serão doados às autoras, 200 à unidades da Fundação CASA, 100 para a Secretaria Municipal de Cultural, 50 à biblioteca e direção da Penitenciária Feminina da Capital e o restante será usado em ações do coletivo.
É importante destacar que quem criou o Sarau Asas Abertas foi Jaime Queiroga em 2015, no Semiaberto do Butantã. Em seguida, os Poetas do Tietê abraçaram e desde então já fizeram mais de 50 saraus em Fundações CASA, e desde, 2016 também na Penitenciária Masculina Adriano Marrey e na Feminina da Capital (PFC). Nessas duas penitenciárias o trabalho é semanal.
“Temos uma afeição especial por este projeto, pois além de acreditarmos na arte como instrumento de promoção de autoestima e conscientização, construímos ao longo dessas mais de 80 visitas que já realizamos aqui, uma relação de troca de aprendizados e afetos com estas mulheres. O projeto nos transformou”. Explicam o poeta Paulo D´Auria, a atriz Cissa Lourenço e a advogada e ativista do movimento negro, Mayara Silva de Souza, alguns dos integrantes do Sarau Asas Abertas na PFC que semanalmente trocam saberes com as mulheres que cumprem pena no espaço.
“Muitas das mulheres que participam do sarau foram abandonadas por seus maridos e familiares, muitas são de outros países e não têm parentes ou amigos no Brasil, estão sozinhas aqui e estão psicologicamente vulneráveis. Para elas, nossa entrada semanal é mais do que uma oficina, é uma prova de que elas são importantes. Juntos, construímos uma relação de confiança, como uma família e que agora ganha um álbum, que é nosso livro”, disseram os organizadores.
A obra conta com apresentação de Jaime Queiroga, criador do projeto, mas todo restante do livro foi produzido pelas reeducandas: a colagem da capa, as ilustrações internas e as outras três apresentações, feitas por algumas das mulheres que participam do sarau, Talita Bomfim, Edivânia e Divina Moura.
Entre as curiosidades do livro estão alguns que tiveram poemas escritos com palavras em português e espanhol, misturando os dois idiomas. Entre as autoras há mulheres argentinas, venezuelanas e peruanas. “São mulheres latino-americanas que se encontram no cárcere brasileiro há anos e nele têm desenvolvido esse linguajar peculiar. Nestes casos, optamos por manter os textos originais, só lançando mão da tradução para o português quando o texto foi escrito predominantemente em espanhol”, explicaram os organizadores.
Vale destacar que além do livro, o coletivo lançou a revista Poesia Sem Medo, distribuída de forma gratuita nos saraus paulistanos e também em saraus realizados nas unidades da Fundação Casa.
Após este lançamento, está previsto outro lançamento para o mês de julho, desta vez aberto ao público, na Biblioteca Mário de Andrade.
Serviço
Lançamento “Sarau Asas Abertas – Mulheres Poetas –
Penitenciária Feminina da Capital”
Quando: 29 de maio às 16h30
Onde: Penitenciária Feminina da
Capital
Realização: Poetas do Tietê e
Prefeitura Municipal de São Paulo
Informações: https://www.facebook.com/sarauasasabertas