ALERTA IMPORTANTES:
* TEXTÃO – eu era jovem, amava esse rolê e me empolguei.
* MILHÕES DE PARÊNTESES – eu precisei dar pitacos no meu próprio texto, em nome da emoção.
Dedicado às minhas parceiras de Mood
Teeze, Maythe, Dani e Dilla.
Em meados de 2008, o sábado era o sagrado dia do Baile Black. (pra quem curtia baile black, logicamente)
Já acordávamos no pique, confirmando a presença d@s amig@s, ajeitando o cabelo e pensando na roupa certa pra sair ótim@ nas fotos que seriam publicadas nos flogs e redes sociais.
O dia ia virando noite e a empolgação ia chegando no limite! Era hora de pegar o caminho pro Baile, encontrar @s parceir@s de balada na catraca de algum metrô e descer a Av. Teodoro Sampaio sentido MOOD CLUB!
Que casa! (suspiros / saudades)
A Mood era localizada no subsolo de uma casa de mil metros quadrados (!!!) em frente à Praça Benedito Calixto. A decoração era linda e os ambientes eram muito bem divididos. Tinha um lounge com pista de dança na entrada, nos fundos havia um outro lounge com um sofá d’água e anexo a esse lounge havia um espaço com várias poltronas de vários formatos (que eram ótimas pra dar uns beijos, descansar os pés etc) e, tinha a pista principal. Ah, a pista principal! Em formato de esfera, decorada com um amarelo lindo (segura as fia d’Oxum), tinha três camarotes (Camarotes? o Lugar mal suportava 10 pessoas e ficava três degraus mais alto que a pista. Piada pronta, né? haha). Na pista principal tinha ainda uma espécie de palco em volta de colunas vermelhas que faziam a alegria da galera. (o quadril do ragga chega a balançar na cadeira só de lembrar!)
O evento que rolava na Mood de sábado era organizada pela equipe Zezão Eventos – Zezão era o pica da organização de rolê de preto desde os tempos do Consulado da Cerveja.
A festa se dividia em basicamente dois ambientes: o lounge onde se apresentavam grupos de pagode e um DJ de Samba Rock – geralmente o DJ Tadeu, e a pista black. A trinca que comandava a pista principal era geralmente formada pelos DJs Puff, Flash e Marks.
A casa abria por volta de 23h e sempre (SEMPRE!) tinha uma fila imensa de pessoas esperando a liberação. Depois de 1 século em pé e um dog da tia da praça ou um esquenta (jovens, né? rs), entrávamos e aguardávamos ansiosamente no samba até a abertura da pista. (essa espera era a morte pra mim, juro). Próximo da 1h da madrugada a galera ia se aglomerando num corredor espelhado sensacional que dava pra pista. Quando as portas abriam era puro auê até descer todo mundo. (E todo sábado era a mesmíssima coisa!)
Os sets geralmente começavam com um charme (charme? ainda se chama aquele estilo de charme?) e ia esquentando. Rolava Sunshine Anderson e só se viam as mãozinhas pra cima. A gente sabia que tava chegando a hora de soltar o rebolado quando o DJ tocava “1 thing”, “Making Good Love” onde todo mundo do mundo fazia o mesmo passo em filinhas e gritava (HAHAHA PQ DEUS?). Esse era o momento mágico da transição do passo coreografado pelas famílias – Danados, Cabelos Duros, Pikadilhas, ThunderBlacks entre outras – para o momento de ralar a placa no chão com os reggaetons de “da me um poquito de reggaeton” até “Gasolina” (é, amigos, é a vida). Aí era aquele dilema infernal entre se jogar na quebradeira, se revezar nos palquinhos e suar como se tivesse acabado de sair do banho ou ficar na moralzinha pra sair arrasando nas fotos que o Notorious tirava. (Era Notorious o apelido do fotógrafo. Todo mundo cantava No-No-No-Notorious apontando pra ele HAHAHA | obs: Havia um outro mano que fotografava também mas eu não lembro o nome dele, então segue o baile). Eu gostava muito dessa parte do baile porque os DJs soltavam umas versões ragga de uns RAPs muito respeitados (como “Losts Ones” e “Simon Says“) e por geral e principalmente pelos manos do rap de rua que iam pro rolê só balançar a cabeça. Esses manos do rolê de rap muito provavelmente odiavam essas versões tanto quanto resmungavam dos ‘nego doce’ que iam pra Mood/Consulado e afins. Mas né? A gente a-m-a-v-a e é isso que importa!!
O fim do set requebra bumbum era geralmente marcado por “Beautiful” do Damian Marley pra galera começar a se recompor. Era hora de circular pela pista, fazer o jogo de olhar e sedução e garantir o bote da noite ou minimamente um parzinho pra dançar as músicas sedutivas que viriam a seguir.
Quando a pista começava a encher de novo era sinal que o Puff estava a postos pra tocar. O set do Puff era o meu preferido (e de uma boa parte da galera), o ápice era quando ele tocava “Wonderful” e pegava o microfone pra cantar e dançar (VOCÊS SE LEMBRAM DISSO QUE EU SEI!). Além de ser a alegria das moças, a performance de “Wonderful” indicava que o hino da Mood estava por vir (e era hora de arranjar um parzinho pra dançar).
“Love sets your free” era a música mais aguardada e mais aclamada da noite, depois que ela tocava o baile ficava completo. (Até hoje essa música tem um impacto lindo em quem a curtia no rolê, pode tocar em qualquer lugar que o povo já tá lá gingando. Até eu, que hoje nem faço mais muito rolê pra dançar, nunca perco a oportunidade de levantar o bracinho e deixar o som me levar.)
“L S Y F” fazia o ambiente ficar insuportável de cheio, mas era bonito de ver. As pessoas realmente dançavam com o coração e sempre cabia mais um ou dez na pista.
Dessa em diante era só pedrada até às 04:30 da manhã. “Stay”, “Game show”, “Good Life” e pra encerrar o set do Puff, “One more chance” do Michael Jackson. Aí a alegria estava completa e era só pegar a fila do caixa pra pagar a comanda e ir pra casa. Feliz, cansad@ de dançar, sem um pingo de maquiagem, muitas vezes sem dinheiro mas, com sorte, levando contatinho de msn no bolso.
Aí era só esperar a quarta-feira chegar, pegar as fotos no site do Zezão e começar esquematizar o rolê do próximo sábado.
Bora pra audição?
Ô saudade!
Que os Orixás abençoem a juventude!
*me perdoem pela emoção e não desisstam das minhas playlists.
Chorei nesse textao